Dinâmicas raciais no Facebook

Um estudo dos movimentos políticos de direito em Portugal

  • Branco Di Fátima Universidade da Beira Interior (UBI)
  • José Ricardo Carvalheiro Universidade da Beira Interior (UBI)
Palavras-chave: racismo, comunicação política, discursos de ódio, redes sociais, Facebook

Resumo

A racialização é um processo pelo qual a pertença a uma determinada raça é socialmente construída e atribuída a indivíduos ou grupos humanos com base em características intrínsecas, como a cor da pele, a origem étnico-cultural ou o fenótipo. Este fenómeno, enquanto mecanismo discriminatório, serve de base material para a propagação e reafirmação de preconceitos, exclusões, favoritismos e discursos de ódio, especialmente na era atual, em que as tecnologias digitais amplificam estes processos políticos polarizadores. Assim, este artigo analisa a racialização presente nos movimentos políticos de direita no Facebook, com base na atualização de um estudo anterior. A análise adota uma abordagem quantitativa, que envolve a extração, o tratamento e a visualização de dados de duas páginas amplamente reconhecidas em Portugal: Nova Portugalidade e Associação Portugueses Primeiro. A amostra cobre um período de 8 anos, desde 1 de janeiro de 2017 até 1 de janeiro de 2024, compreendendo um total de 3.740 publicações. Os resultados indicam um notável crescimento do movimento nacionalista português no Facebook. No entanto, em comparação com o estudo original, parece haver uma tendência de diminuição ou de estabilização desse crescimento nos últimos três anos. As antigas colónias africanas e os seus povos são alvo de enquadramentos raciais, sofrendo frequentemente ataques diretos de ódio.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Avraamidou, M. y Eftychiou, E. (2022). Migrant Racialization on Twitter during a border and a pandemic crisis. International Communication Gazette, 84(3), 227-251. https://doi.org/10.1177/17480485211054301.

Bartlett, J., Reffin, J., Rumball, N. y Sarah Williamson. (2014). Anti-social media. Demos. http://cilvektiesibas.org.lv/site/record/docs/2014/03/19/DEMOS_Anti-social_Media.pdf.

Berti, C. y Loner, E. (2023). Character assassination as a right-wing populist communication tactic on social media: The case of Matteo Salvini in Italy. New Media & Society, 25, 2939-2960. https://doi.org/10.1177/14614448211039222.

Boisard, S. (2020). Del totalitarismo al populismo: el enemigo antiliberal en el discurso de derecha. En: Pinto, A. C. y Gentile, F. (2020). Populismo: Teorias e casos (pp. 32-56). EdMeta.

Castells, M. (2009). The power of identity. Wiley-Blackwell.

Davis, S. y Straubhaar, J. (2020). Producing antipetismo: Media activism and the rise of the radical, nationalist right in contemporary Brazil. International Communication Gazette, 82, 82-100. https://doi.org/10.1177/1748048519880731.

Di Fátima, B. (2023). Hate speech on social media: A global approach. LabCom Books & EdiPUCE.

Di Fátima, B. (2024). Disinformation and polarization in the algorithmic society. Online Hate Speech Trilogy (Vol I). LabCom Books & Editorial Universidad Icesi.

Di Fátima, B. y Carvalheiro, J.R. (2024). One’s heaven can be another’s hell: A mixed analysis of Portuguese nationalist fanpages. Social Science, 13(1), 1-16. https://doi.org/10.3390/socsci13010029.

Duffy, M. E. (2003). Web of hate: A fantasy theme analysis of the rhetorical vision of hate groups online. Journal of Communication Inquiry, 27, 291-312. https://doi.org/10.1177/0196859903252850.

Eriksen, T. H. (2007). Nationalism and the Internet. Nations and Nationalism, 13(1), 1-17. https://doi.org/10.1111/j.1469-8129.2007.00273.x.

Fan, C. (2023). Understanding and citing CrowdTangle data. CrowdTangle. https://help.crowdtangle.com/en/articles/4558716-understanding-and-citing-crowdtangle-data.

Fan, L., Yu, H. y Gilliland, A. J. (2023). Aggravated anti-Asian hate since Covid-19 and the #stopasianhate movement: Connection, disjointness, and challenges. En: Di Fátima, B. (2023). Hate speech on social media: A global approach (pp. 35-74). LabCom Books & EdiPUCE.

Ferrugem, D. (2022). A racialização como estruturante da questão social: Entre silêncios e insurgências na produção de conhecimento em serviço social (Tese de Doutoramento). Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). https://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/10518.

Fragoso, S., Recuero, R. y Amaral, R. (2011). Métodos de pesquisa para Interent. Editora Sulina.

Fuchs, C. (2020). Nationalism on the Internet: Critical theory and ideology in the age of social media and fake news. Routledge.

Gans, H. J. (2017). Racialization and racialization research. Ethnic and Racial Studies, 40(3), 341-352. https://doi.org/10.1080/01419870.2017.1238497.

Hervik, P. (2021). Racialization, racism, and antiracism in Danish social media platforms. En: Udupa, S., Gagliardone, I. y Hervik, P. (2021). Digital hate: The global conjuncture of extreme speech (pp. 131-145). Indiana University Press.

Hochman, A. (2018). Racialization: A defense of the concept. Ethnic and Racial Studies, 42(8), 1245-1262. https://doi.org/10.1080/01419870.2018.1527937.

Lajosi, K. y Nyíri, P. (2022). Introduction: The transnational circulation of digital nationalism. Nations and Nationalism, 28, 263-66. https://doi.org/10.1111/nana.12778.

Madeira, B. (2023). A direita radical portuguesa, o fim do império e as aspirações neocoloniais (1976-1980). Revista de História das Ideias, 41(2), 273-294. https://doi.org/10.14195/2183-8925_41_12.

Marchi, R. (2010). At the roots of the new right-wing extremism in Portugal: The National Action Movement (1985-1991). Totalitarian Movements and Political Religion, 11(1), 47-66. https://doi.org/10.1080/14690764.2010.499670.

Marchi, R. (2016). À direita da direita: O desafio da extrema-direita à democracia portuguesa. En: Marchi, R. (2016). As direitas na democracia portuguesa: Origens, percursos, mudanças e novos desafios (pp. 219-49). Texto.

Marchi, R. (2023). Political mobilisation amongst the new and old radical right in democratic Portugal. En: Kondor, K. y Littler, M. (2023). The Routledge handbook of far-right extremism in Europe (pp. 117-128). Routledge.

Meta. (2024). CrowdTangle. Transparency Center. https://transparency.meta.com/pt-br/researchtools/other-datasets/crowdtangle/.

Mihelj, S. y Jiménez-Martínez, C. (2021). Digital nationalism: Understanding the role of digital media in the rise of ‘new’ nationalism. Nations and Nationalism, 27(2), 331-346. https://doi.org/10.1111/nana.12685.

Miranda, S., Malini, F., Di Fátima, B. y Cruz, J. (2022). I love to hate! The racist hate speech in social media. Paper presented at 9thEuropean Conference on Social Media, Krakow, Poland, May 12-13.

Omi, M. y Winant, H. (2015). Racial formation in the United States. Routledge.

Parlamento Europeo. (2016). Reglamento General de Protección de Datos (2016/679). https://eur-lex.europa.eu/ES/legal-content/summary/general-data-protection-regulation-gdpr.html.

Smith, A. (1997). A identidade nacional. Gradiva.

Zúquete, J. P. (2020). Para além do populismo: A defesa da identidade branca na Europa Ocidental. En: Pinto, A. C. y Gentile, F. (2020). Populismo: Teorias e casos (pp. 57-75). EdMeta.

Publicado
2025-04-24
Como Citar
Di Fátima, B., & Carvalheiro, J. R. (2025). Dinâmicas raciais no Facebook: Um estudo dos movimentos políticos de direito em Portugal. Austral Comunicación, 14(2), e01422. https://doi.org/10.26422/aucom.2024.1402.fat
Seção
Seção monográfica 2